É um pouco tarde para estar a falar de resoluções de ano novo, agora que todos nós já quebrámos pelo menos uma parte das que fizemos. Mas gostava de partilhar consigo uma coisa que a vida me ensinou: os pequenos passos que damos numa determinada direcção acumulam-se e, quase sem darmos por isso, depressa se transformam em caminho percorrido.
Se pensarmos na complexidade de uma tarefa ou projeto, somos muitas vezes tentados a desistir mesmo antes de começar.
Mas se, em vez de pensarmos na meta, nos focarmos apenas na primeira tarefa, naquilo que podemos fazer de imediato, as coisas mudam de figura.
Normalmente descobrimos que essa tarefa afinal está ao nosso alcance. E depois de a concluirmos percebemos que a seguinte também; e a que se lhe segue, por aí adiante.
Até que, de repente, a meta está à vista.
É esse o milagre dos pequenos passos.
Aplicando os pequenos passos à escrita
Um guião tem, em média, 90 a 100 páginas. Vamos acertar em 90; os produtores gostam disso.
Por outro lado, uma página de guião tem o aspecto que se pode ver na imagem seguinte, retirada do guião do filme 12 Anos Escravo.
![pagina de guiao imagem.jpg Pagina de guiao imagem](https://joaonunes.com/wp-content/uploads/pagina-de-guiao-imagem.jpg)
Como pode ver, esta página tem 45 linhas, muitas delas bem curtas, e muito espaço branco. Não parece complicada de escrever, pois não?
E realmente não é.
Se souber o que quer dizer e tiver um domínio mínimo da técnica de escrita, uma hora chega perfeitamente para terminar uma página. Uma hora – o tempo de ver um episódio antigo de Breaking Bad ou da nova temporada de Game of Thrones.
O que quer dizer que, se conseguir reservar para si uma hora por dia, em três meses terá 90 páginas escritas. Ou seja, terá completado a primeira versão de um guião.
Um guião por trimestre. Será 2014 o ano em que você vai escrever quatro guiões?
Sim!
2014 é o ano perfeito para escrever 4 guiões.
Escrever 4 guiões num ano, eu consigo, sem qualquer dúvida… o problema João, é reescrever 4 guiões num ano :)
Se existe coisa que aprendi com a experiência de ter escrito um guião, é que dá muito mais trabalho reescrevê-lo que escrevê-lo, eu diria que escrever é prazer e reescrever é dor, porém, quando se acaba e se tem um produto final que lemos e relemos e estamos ALGO satisfeitos… vale a pena a dor!
Até agora só me aconteceu uma vez, e foi na tal curta-metragem acabada há pouco tempo. No guião que lhe apresentei ano passado no concurso, ainda não atingi esse patamar, talvez nunca o atingirei mas a curta não existiria sem essa longa travessia de aprendizagem.
Em conclusão, o meu objectivo para este ano é apenas conseguir ficar novamente satisfeito ao reler um guião meu reescrito uma semana antes… depois claro, se o conseguir, reler dois e assim por diante…
Cpts.