Num spot de rádio para o Nissan Almera, ouvido hoje aqui em Portugal, uma namorada/mulher/amiga interpela o condutor do carro em que segue, pedindo-lhe para andar mais devagar. O rapaz — pela voz parece novo — responde que “com o Nissan Almera é impossível andar devagar”.
Num país onde morrem 1113 pessoas por ano em acidentes de automóvel (cito o número de memória, mas anda por aí); onde o presidente da República se sente compelido a fazer uma presidência aberta dedicada à sinistralidade rodoviária; onde as reformas do código da estrada se sucedem sem resultados aparentes; num país assim, escrever, aprovar e divulgar um spot destes é um atentado, não só ao bom senso, não só à ética profissional e à decência humana, mas principalmente às famílias de todas as vítimas da nossa “guerra das estradas” (perdoem-me o cliché).
Os miúdos acabados de sair do IADE que escreveram este spot, não devem perceber estas minhas lamúrias. Afinal de contas, são os mesmos que vão fazer corridas à noite para a ponte Vasco da Gama.