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Alguns conselhos de escrita de Kurt Vonnegut

    O recentemente falecido escritor Kurt Vonnegut deixou em tempos alguns conselhos para a escrita de estórias curtas 1 que se aplicam (quase) que nem uma luva à escrita de guiões. Aqui ficam:

    1. Use o tempo dos estranhos que vão ler a sua obra de forma a que eles não o considerem tempo perdido.
    2. Dê ao leitor pelo menos um personagem por quem ele possa torcer.
    3. Cada personagem deve querer alguma coisa, nem que seja um copo de água.
    4. Cada frase deve fazer uma de duas coisas – revelar o carácter ou avançar a acção.
    5. Comece o mais perto do fim possível.
    6. Seja um sádico. Por mais querido e inocente que sejam os seus personagens principais, faça acontecer-lhes coisas horríveis – para que o leitor possa ver do que eles são feitos.
    7. Escreva para agradar a uma única pessoa. Se abrir a janela e quiser fazer amor com todo o mundo, por assim dizer, a sua estória vai constipar-se.
    8. Dê aos seus leitores o máximo de informação possível o mais depressa possível. Que se lixe o suspense. Os leitores devem ter uma compreensão tão completa do que se está a passar, onde e porquê, que possam terminar a estória por si mesmos, no caso das baratas comerem as últimas páginas.

    Este último conselho levanta-me algumas dúvidas, mas os outros subscrevo por completo.

    (Via BoingBoing)

    Notas de Rodapé

    1. Vonnegut’s Eight Rules of Writing Fiction, em Bagombo Snuff Box: Uncollected Short Fiction (New York: G.P. Putnam’s Sons 1999), p. 9-10

    2 comentários em “Alguns conselhos de escrita de Kurt Vonnegut”

    1. Ora biba.

      a respeito do último aspecto (“que se lixe o suspense…”), Vonnegut não é o primeiro que vejo defender esta ideia. Milan Kundera faz o mesmo em “A Imortalidade” (não tenho aqui o meu exemplar, por isso não posso precisar as páginas), embora a sua obra tenha muito poucas características em comum com obras destinadas para cinema.

      A reflexão de Kundera é, ao contrário desta, muito teórica, mas creio vale a pena ser lida…

      Já a respeito do segundo ponto, discordo: não creio que seja absolutamente necessário para um leitor torcer por um dos personagens para gostar de um livro ou filme…
      Opiniões…

    2. Pingback: As formas das estórias segundo Kurt Vonnegut

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