O recentemente falecido escritor Kurt Vonnegut deixou em tempos alguns conselhos para a escrita de estórias curtas 1 que se aplicam (quase) que nem uma luva à escrita de guiões. Aqui ficam:
- Use o tempo dos estranhos que vão ler a sua obra de forma a que eles não o considerem tempo perdido.
- Dê ao leitor pelo menos um personagem por quem ele possa torcer.
- Cada personagem deve querer alguma coisa, nem que seja um copo de água.
- Cada frase deve fazer uma de duas coisas – revelar o carácter ou avançar a acção.
- Comece o mais perto do fim possível.
- Seja um sádico. Por mais querido e inocente que sejam os seus personagens principais, faça acontecer-lhes coisas horríveis – para que o leitor possa ver do que eles são feitos.
- Escreva para agradar a uma única pessoa. Se abrir a janela e quiser fazer amor com todo o mundo, por assim dizer, a sua estória vai constipar-se.
- Dê aos seus leitores o máximo de informação possível o mais depressa possível. Que se lixe o suspense. Os leitores devem ter uma compreensão tão completa do que se está a passar, onde e porquê, que possam terminar a estória por si mesmos, no caso das baratas comerem as últimas páginas.
Este último conselho levanta-me algumas dúvidas, mas os outros subscrevo por completo.
(Via BoingBoing)
Ora biba.
a respeito do último aspecto (“que se lixe o suspense…”), Vonnegut não é o primeiro que vejo defender esta ideia. Milan Kundera faz o mesmo em “A Imortalidade” (não tenho aqui o meu exemplar, por isso não posso precisar as páginas), embora a sua obra tenha muito poucas caracterÃsticas em comum com obras destinadas para cinema.
A reflexão de Kundera é, ao contrário desta, muito teórica, mas creio vale a pena ser lida…
Já a respeito do segundo ponto, discordo: não creio que seja absolutamente necessário para um leitor torcer por um dos personagens para gostar de um livro ou filme…
Opiniões…
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