O Jornal I de 26 de outubro traz um interessante entrevista com o escritor Gonçalo M. Tavares a propósito do seu novo livro Uma viagem à Índia. Entre outras coisas o autor fala-nos dos seus métodos de trabalho.
Destaco algumas frases dele:
"Se passo um dia sem escrever sinto que não estou a cumprir a minha obrigação."
"Tento concentrar-me nas manhãs e manter uma disciplina. É uma questão de, como dizem os desenhadores, manter a mão quente. Às vezes começo com uma frase completamente ao acaso e só depois é que a mão pega. As primeiras páginas de um romance mando fora – é a fase em que a mão ainda está a aquecer, à procura da sua forma."
"Eu fiz um percurso de dez, 12 anos muito disciplinados. Durante este período se calhar só houve 15 manhãs em que não escrevi."
O que podemos aprender com ele? Para aprender a escrever é preciso escrever; muito, sempre, com disciplina e perseverança. A escrita, seja de um romance ou de um guião, não é um caminho fácil para chegar a outro lado; é uma arte e ofício que deve ter em si a sua própria razão de ser e de satisfação.
Quem não gosta de escrever por escrever deve procurar outro caminho.
E quem gosta de escrever por escrever? Deve procurar segui-lo? ;)