Rui Vilhena, autor que ainda não tive o prazer de conhecer pessoalmente, é um dos guionistas de televisão mais conhecidos e bem sucedidos em Portugal. A edição de hoje do jornal I publica uma entrevista interessantíssima com ele, que também pode ser lida online.
A entrevista, em que Rui Vilhena fala dos seus hábitos de escrita, métodos e truques, e outros temas de interesse, merece ser lida na íntegra. Mas deixo aqui, para registo, o decálogo do autor – os seus segredos para a escrita de uma telenovela.
Para ter o sucesso garantido basta seguir estes dez mandamentos (e ter o talento de Rui Vilhena, e a sua capacidade de escrever doze horas por dia).
- Escolher um bom título: O título provisório nunca é o final. Agora escolho como provisório o que não gosto.
- Encontrar a boa ideia: A ideia surge de assistir a um talk show ou de ler uma reportagem no jornal. (…) Ou seja, quando menos espera nasce a ideia.(…) Há ideias que são boas mas não dão para esticar.
- Conhecer a história antes de começar a escrever: Quando tenho uma história estico-a antes, até chegar à acção, no meio da novela, e depois surge a segunda parte, o desenlace.(…) Antes de começar a gravar tenho um calendário de eventos principais, ligados à espinha dorsal da novela. Tenho de ter controlo sobre o que se vai passar.
- Criar um bom vilão: Os vilões marcam, são fascinantes. Tudo é permitido, podem fazer as maiores barbaridades. Uma história é tão boa quanto o seu vilão.
- Cada personagem tem de ganhar o direito de existir: Todo o personagem tem de ter um conflito inteiro, senão qual é a sua função dramática? Não basta ser primo de x. (…) Se rejeitarem uma personagem, ela fica com menos deixas ou desaparece.
- Ter amplitude social: Uma novela tem de ter ricos e pobres. (…) Já Hitchcock usava o glamour nos seus filmes.
- Escrever para cada personagem: Há escritores que não sabem escrever para ricos, outros para pobres.(…) É muito importante ter diálogos credíveis.
- Conflito e surpresas: Num episódio tem de haver um beijo e uma discussão.
- Dinamizar as cenas: As minhas cenas nunca arrancam com as personagens sentadas. Isso é falta de ritmo.
- Acabar bem: O final da novela é um sofrimento. A novela exige um final feliz, senão o público sente-se defraudado. Tento encontrar um meio termo e não ser moralista.
O meu guionista preferido sem qualquer dúvida.
Tenho acompanhado de perto tudo o que ele tem escrevido para a televisão, e a próxima novela dele vai-me deixar agarrado ao ecrã.