Na sequência de um artigo que publiquei ontem sobre os cinco elementos para escrever um filme de sucesso fiz algumas leituras e pesquisas na internet. Entre elas encontrei uma página muito engraçada, compilada pelo economista Glen Whitman, dedicada ao meme das Duas Coisas (Two Things).
A tese aí defendida, meio a brincar, meio a sério, é que em cada área da atividade humana há apenas Duas Coisas verdadeiramente fundamentais. Todas as outras, ou são aplicações e declinações dessas duas coisas, ou não são relevantes.
Por exemplo, no Comércio, as Duas Coisas são Comprar barato & Vender caro. Já na Gestão de Projetos são Os prazos vão deslizar & Tudo está em saber gerir o deslize dos prazos.
A página inclui muitas outras definições de Duas Coisas, compiladas de fontes diversas, incluindo um par de sugestões alternativas acerca da Escrita: uma é Escreve o que sabes & Sê tão curto e simples quanto possível; a outra é Inclui o necessário & Deixa tudo o resto de fora. A economia verbal, segundo parece, está em alta nos Estados Unidos.
As Duas Coisas são, obviamente, um jogo. Mas, encaradas como tal, deixam um desafio curioso: quais seriam as melhores opções acerca de escrever um filme?
Após alguma reflexão cheguei a estas Duas Coisas: Quem são estes tipos? & O que vai acontecer a seguir?.
Ou, dito de outra maneira, Personagens interessantes & Envolvidos em dilemas empolgantes.
Estas sugestões não são tão disparatadas assim. Se pensarmos bem, toda a teoria geral acerca de escrever um filme é composta por declinações ou aplicações destas Duas Coisas.
Não há filme (estou a falar de ficção, naturalmente) que não tenha algum tipo de personagens. Pode ser um protagonista único, como no modelo clássico, uma dupla ou um grupo, mas são os personagens que nos agarram e conduzem ao longo da estória.
Os tipos e as funções dos personagens, as suas relações, a sua caraterização, a forma como se expressam, movem e vestem, os seus comportamentos e atitudes, os seus dilemas e decisões, tudo tem como objetivo torná-los mais interessantes, envolvendo o espectador na sua vida.
Em suma, fazendo com que o espectador queira saber quem são estes tipos.
Por outro lado, como tantos autores têm sublinhado, o único pecado ao escrever um filme é aborrecer o espectador. Os melhores argumentistas tentam evitá-lo introduzindo conflito e surpresas nas suas estórias.
Para isso os argumentistas têm à sua disposição uma infinidade de técnicas e ferramentas. Mas todas elas têm, em última instância, o objetivo de forçar o espectador a colocar sucessivamente uma particular questão: o que vai acontecer a seguir ?
Não sei se esta é a melhor definição de Duas Coisas acerca de escrever um filme. Mas para mim, até agora, tem servido muito bem.
E para si, quais são as Duas Coisas acerca de escrever um filme? Deixe a sua opinião nos comentários.
Duas coisas essenciais para escrever um filme:
Escrever do começo ao fim & Depois reescrever do começo ao fim de novo até ficar bom
ou
Ter uma idéia genial & Depois executá-la
Pingback: João Nunes | escrever um filme | Entrevista com David Mamet, um dos mestres da arte de escrever um filme | David Mamet, Depoimentos, escrita, técnica |
Como escrever “palha” e depois torna-la interessante ou mesmo viciante. E aí Matthew Weiner é genial quando escreve Mad Man. OK, não é escrever um filme, mas são Duas Coisas sobre escrita que apenas uns quantos iluminados conseguem.
Coincidência & Conflito
:)
Pois.. só mesmoo uns quantos iluminados conseguem 1 :D
Pingback: João Nunes | artigos mais populares | Os artigos mais populares de 2012 | argumento, blogue, escrita, guião, roteiro, técnica |