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As quatro estruturas “desdramáticas”

    O cartunista britânico Tom Gauld criou uma pequena ilustração no The New Yorker em que apresenta quatro estruturas narrativas “desdramáticas”; estórias em que não há realmente drama.

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    Vejamos, então, quais são as quatro estruturas “desdramáticas” de Tom Gauld:

    1. Ignorando o monstro – o herói é confrontado por uma força antagonista e ignora-a até ela se ir embora.
    2. Acusação errada – o herói é injustamente acusado, mas não é muito grave e logo tudo se esclarece.
    3. O enigma não resolvido – a heroína é confrontada com um problema, mas é muito, muito difícil e ela acaba por desistir.
    4. Desejo decrescente – um homem quer alguma coisa. Mais tarde já não está tão certo. Pela hora do jantar esqueceu tudo acerca disso.

    A ilustração é uma piada, como é óbvio, mas leva-nos, pela negativa, a reflectir sobre o que está na origem do drama. Recordo que, na minha definição, DRAMA = CONFLITO + SURPRESAS.

    O que acontece neste cartoon, e que está na origem da sua graça, é que os “heróis” evitam deliberadamente todas as possibilidades de conflito ou surpresas. Confrontados com uma força antagonista, uma acusação errónea, um enigma pendente ou um desejo forte, limitam-se a ignorá-los, passivamente, desdramatizando cada uma das situações.

    A pequena lição que podemos tirar, naturalmente, é que se os nossos heróis fizerem exactamente o oposto – se enfrentarem as forças antagónicas e não desistirem – estaremos mais perto de garantir o drama nas nossas estórias.

    Via: TheNew Yorker =>

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