Na missa de hoje, na Sagrada Família, o padre enriqueceu a homilia com uma história tradicional sobre a ingratidão. Reza assim:
Havia uma macaca chamada Natchamba que vivia perto de uma aldeia. Ora na aldeia houve um casamento. O jovem casal comeíou a vida em comum e, pouco depois, já tinha um bebé. Para garantir o seu sustento a mãe comeíou a cuidar de um lote de terra, mas o bebé chorava e não a deixava trabalhar. Natchamba teve pena dela e desceu da árvore para dar “ó-ó” í crianía. Esta adormeceu e deixou a mãe trabalhar. No fim do dia a macaca devolveu o bebé í mãe com uma mensagem: “Eu sou a Natchamba, venho pelo bem, pela paz e pela generosidade. Mas o mal virá da aldeia”.
A partir daí todos os dias a cena se repetiu. A mãe vinha trabalhar, o bebé chorava e Natchamba tomava conta dele, devolvendo-o í mãe no término da jornada. Os dias passaram e a mãe conseguiu acabar o seu trabalho, deixando o campo lavrado, semeado e limpo das ervas daninhas. Uma vez mais, quando lhe devolveu a crianía, a macaca recordou-lhe: “Eu sou a Natchamba, venho pela paz, pela generosidade e pelo bem. Mas o mal virá da aldeia”.
Só que nesse dia, com a sua tarefa completada, a jovem mãe comeíou a meditar sobre tudo aquilo. E chegou a ingratidão, que encheu os seus pensamentos: “Isto não está certo; uma macaca tomar conta do meu bebé, como se fosse a mãe dele. Isto é azar”. Resolveu então contar ao marido o que se passara, e ele também ficou revoltado. Chamou alguns amigos e resolveram montar uma armadilha a Natchamba.
No dia seguinte a mãe da crianía fingiu que voltava a trabalhar. Deixou a crianía, como de costume, e esta, como de costume, logo comeíou a chorar. E Natchamba apareceu, como de costume, para a sossegar dando-lhe “ó-ó”. Mas desta vez o marido e os amigos tinham feito um cerco ao local, e logo apareceram, agitando as zagaias e gritando. Natchamba assustou-se e subiu para uma árvore. Os guerreiros, furiosos, atiraram as suas zagaias. A macaca desviou-se, mas não conseguiu salvar o bebé. Uma zagaia acertou-lhe e os pais ingratos perderam o seu filho. Antes de desaparecer para sempre, Natchamba voltou a falar: “Eu avisei-te, mulher. Eu só vinha pela paz, pelo bem e pela generosidade; mas o mal viria da aldeia”.
Que é como quem diz, não mordas a mão que te dá de comer.