Com o Diário de Notícias de hoje foi-me oferecida mais uma medalha de uma pirosa coleção dedicada às “grandes figuras portuguesas”. O sujeito do dia era, nem mais nem menos, o cineasta João César Monteiro, o das veredas silvestres, casas amarelas e brancas de neve.
Posso não ser profundo conhecedor do personagem, nem grande apreciador da sua obra e figura (apesar de lhe reconhecer momentos de genial imaginação e rebeldia), mas uma coisa sei: o pobre coitado deve estar a rebolar-se na sepultura, se por acaso lhe chegaram aos ouvidos decompostos os ecos da notícia.
João de Deus numa medalha prateada, como aquelas que se fazem aos “santinhos”, é uma fina e soberba ironia que, seguramente, não deve ter escapado a quem organizou a colecção.
Comecei por recusar a medalha mas depois voltei ao quiosque para a reclamar. Vou guardá-la na minha secretária, bem à vista, para recordar a famosa frase que o cineasta nos deixou como legado 1 e para orar periodicamente pela saúde do cinema português.