Morreu Budd Schulberg, o guionista americano que, entre outras obras, nos legou o clássico "Há lodo no cais", com o qual ganhou um Óscar. Budd Schulberg nasceu filho de um produtor de Hollywood e cresceu dentro do meio; a sua progressão para se tornar um dos principais guionistas americanos dos anos 50 foi de certa forma natural.
Esteve ligado ao Partido Comunista americano mas desvinculou-se depois de receber pressões artísticas para politizar as suas obras. Isso não impediu que ele figurasse na famigerada lista negra de Hollywood durante a época da guerra fria.
Budd Schulberg marcou-me especialmente por duas obras: o já referido "Há lodo no cais", que é um filme excelente, com uma riqueza dramática impressionante, e que resistiu muito bem aos 55 anos que já tem; e também pelo seu romance "O que faz Sammy correr", que li numa edição antiga dos Clássicos RTP (se não me engano).
Neste romance, que narra a vida de um nada escrupuloso executivo de Hollywood através do olhar, simultaneamente crítico e fascinado, de um guionista que trabalha com ele, Budd Schulberg descreve o início dos movimentos reinvindicativos dos guionistas americanos. É uma visão íntima da génese da Writers Guild of America, e da sua influência no mercado cinematográfico norte-americano, que só pode fascinar quem se interessa por esses temas.
Marlon Brando, em "Há lodo no cais". Alguma vez terá estado melhor?