Tenho outra dúvida. Como é que se escreve um sonho de uma personagem ou uma situação que ela imagina acordada? Se você me pudesse ajudar era perfeito.
Félix
Félix
Um sonho escreve-se exactamente como qualquer outra cena, descrevendo as imagens, sons, acções e diálogos que o espectador vai ver e ouvir no ecrã. A única diferença é que, para esclarecimento do leitor, indicamos, no primeiro cabeçalho e no fim da sequência, o início e o fim do sonho. Será qualquer coisa como isto:
[fountain]
SONHO – EXT. BOSQUE – NOITE
Mariana flutua pelo meio das árvores, alguns palmos acima da terra. O nevoeiro que forra o solo, até onde a vista alcança, parece estender-se na direcção dos seus pés descalços, suspensos.
Mariana começa a subir ligeiramente, mas o nevoeiro estica-se e enrola-se nas suas pernas nuas, puxando-a novamente para baixo. Mariana agita-se, angustiada, tentando escapar, mas o nevoeiro começa a subir e a engoli-la.
MARIANA
Não!
INT. SALÃO GÓTICO – NOITE
Mariana surge, de cabeça para baixo, do nevoeiro que também cobre o chão de um grande salão, como se tivesse atravessado directamente do bosque para ali.
Morcegos voam em debandada, passando por ela e circulando ao seu redor.
FIM DO SONHO
INT. QUARTO DE MARIANA – NOITE
Mariana acorda sobressaltada, a testa coberta de suor, os olhos muito abertos. Olha em redor, perdida, e só passado alguns instantes consegue perceber que está na segurança do seu quarto.
[/fountain]
Repare na palavra SONHO antes do cabeçalho, e na indicação de FIM DO SONHO, a seguir às duas cenas que compõem a sequência onírica. Tudo o resto é escrito exactamente da mesma maneira que seria qualquer outra cena do guião.
Um último reparo: é muito frequente um guionista introduzir uma sequência de sonho apenas para dar profundidade, ou trazer algum mistério, ao seu guião. Isto deve ser evitado a todo o custo; os sonhos, tal como os FLASHBACKS (que, aliás, são escritos exactamente segundo a mesma lógica) só devem ser usados quando acrescentam realmente alguma coisa à estória.
E já nem falo daquela solução demasiado gasta em que, depois de acontecerem mil e uma coisas, o personagem acorda e percebemos que – surpresa! – era tudo um sonho…
Para escrever um sonho acordado, eu usaria a mesma técnica mas chamaria FANTASIA, IMAGINAÇÃO, ou DEVANEIO, e certificar-me-ia, na cena anterior e na seguinte, que ficava bem claro quem estava a sonhar acordado.
Pingback: Flashback 2009 | joaonunes.com
quero escrever um sonho mas nao tenho palavras
poderiam me ajudar
Meu sonho é ter uma padaria
Sou separada a 3 anos
Tenho um filho de 21 anos
Por enquanto moro em Maravilha -SC
Mas minha casa é em Sao miguel do oeste -SC
que fica 47 km de maravilha
Minha casa em Sao miguel do oeste é alugada
queria muito voltar pra la mas tenho q pagar minhas dividas aqui em maravilha.
Para depois voltar pra la com meu filho
E para tentar montar minha padaria em Sao Migeul do oeste.
Preciso que me ajudem me mandando palavras para escrever a carta.
me mandem nesse email. marcieliplavandoski@yahoo.com.br
Sonho ser do SAMU mas não sei descrever
Sonhei que estava esperando meu marido em algum lugar e nada dele chegar ficava me enrolando dizendo que ja estava chegando e demorando… eu ai atras dele e por acaso ele estava bem proximo de mim então eu pegava algum prtence dele como se foce um porta alguma coisa, eu abria essa caixa porta alguma coisa e lá estava um sabonete de MOTEL, e logo ficava irritada por que ele não estava comigo e nem muito menos me levado…
O que significa???
Cara amiga, não estou habilitado a interpretar os seus sonhos. Por favor procure um especialista.
do meu sonho
Não entendi… mas espero que se concretize.
Olá estou escrevendo um roteiro para um trabalho acadêmico, e gostaria de saber como faço para introduzir a narrativa de uma personagem diante de uma flashback. É que a personagem vai descrever a cena, e enquanto ela descreve o flashback ocorrerá, porém não sei como detalhar isso no roteiro. Poderia me explicar como se faz isso?
Se entendi bem a sua pergunta bastará combinar uma voz off (V.O.) com o flashback. Já escrevi artigos sobre ambos os temas, por isso se fizer uma busca no blogue às palavras “flashback” e “voz off” encontrará todas as explicações. Mas, em resumo, ficará algo como
FLASHBACK – EXT. MATA – NOITE
Um grupo de homens caminha pela mata escura. Nem a luz da lua consegue penetrar a barreira espessa das copas das árvores.
FRANCISCO (V.O.)
Saímos de noite para aproveitar o escuro.
e etc.
Cuidado, no entanto, com a utilização da voz off apenas para descrever o que as imagens estão a mostrar. É um uso errado e rdundante desse recurso.
Olá João! Tudo bom? Em um sonho no mesmo ambiente. Eu devo criar outro cabeçalho quando o personagem vai acorda? Ou basta apenas escrever fim do sonho, e logo abaixo descrever a nova cena?
Olá Aco, normalmente há sempre uma diferença de ambiente entre o sonho e o local onde a pessoa acorda. Nesse caso deve escrever um novo cabeçalho, pois na produção será necessário planear esse novo cenário.
Mas no raro caso em que sonho e realidade ocorrem exactamente no mesmo local e circunstâncias, penso que pode fazer como está a sugerir: escrever apenas FIM DO SONHO e continuar a descrição da cena no mesmo ambiente.
O importante, como sempre realço, é que o leitor do guião não se perca e saiba exactamente onde está e o que está a acontecer em cada momento.
Compreendo muito bem tudo oque li, contudo, ainda há uma dúvida, é possível fazer um intervalo e entre-calar a realidade com o sonho?
Olá Rapha,
num guião pode sempre fazer tudo o que for necessário para contar a SUA estória da melhor maneira possível, com o máximo de interesse. A única questão é fazê-lo de uma forma que todas as pessoas que leiam o guião entendam as suas intenções e não se percam.
Se bem entendi a sua questão, penso que uma boa maneira de o fazer seria assim (usando o exemplo do artigo):
.
SONHO – EXT. BOSQUE – NOITE
Mariana flutua pelo meio das árvores, alguns palmos acima da terra. O nevoeiro que forra o solo, até onde a vista alcança, parece estender-se na direcção dos seus pés descalços, suspensos.
Mariana começa a subir ligeiramente, mas o nevoeiro estica-se e enrola-se nas suas pernas nuas, puxando-a novamente para baixo. Mariana agita-se, angustiada, tentando escapar, mas o nevoeiro começa a subir e a engoli-la.
MARIANA
Não!
.
INTERCALA COM:
.
INT. QUARTO DE MARIANA – NOITE
Mariana agita-se na cama, incomodada com o sonho.
.
SONHO – INT. SALÃO GÓTICO – NOITE
Mariana surge, de cabeça para baixo, do nevoeiro que também cobre o chão de um grande salão, como se tivesse atravessado directamente do bosque para ali.
Morcegos voam em debandada, passando por ela e circulando ao seu redor.
FIM DO SONHO
.
INT. QUARTO DE MARIANA – NOITE
Mariana acorda sobressaltada, a testa coberta de suor, os olhos muito abertos.
Olha em redor, perdida, e só passado alguns instantes consegue perceber que está na segurança do seu quarto.
.
Esta solução serve perfeitamente, mas pode haver outras. O importante é ser sempre claro e compreensível sobre o que as pessoas vão ver e ouvir na tela, em que sequência.