Parece não haver meio termo: há quem as adore, há quem as odeie.
Mas em Dia de Namorados, a comédia românica é incontornável. Não é só um filme romântico, não é só uma comédia: é um género próprio. Mesmo a sua escrita tem regras, o que leva a que muitos críticos as acusem de previsíveis. A verdade é que a comédia romântica não tem a premissa dramática da maior parte dos outros filmes. Numa comédia romântica a questão (quase) nunca é "Vão ficar juntos?" mas sim "Como é que vão ficar juntos?" De certa maneira, é a versão adulta dos contos de fadas. Sabemos que acabam bem, mas como lá chegar?
Quem vai ver um filme destes já sabe com o que conta. Começamos por conhecer os protagonistas no seu mundo próprio. Depois conhecem-se um ao outro numa situação normalmente cómica e que gera instantaneamente amor… ou ódio profundo. Pouco tempo depois temos conhecimento do obstáculo principal do casal, mas que vai sendo sempre adiado por pequenos outros obstáculos, cada um deles difícl mas ultrapassável, até que o obstáculo principal não pode continuar a ser ignorado e cai como um saco de tijolos entre eles, causando a separação do casal. Já no terceiro acto, um ou ambos os protagonistas compreendem que o obstáculo não é assim tão importante, ultrapassando-o em nome do amor, geralmente com um gesto grandioso, impulsivo, disparatado ou original. Et voilá, felizes para sempre.
Quando a comédia romântica se desvia destes pressupostos, é bom que tenha um motivo muito forte ou é mais que certo que a plateia se vai sentir enganada.
No entanto, não é por ter uma estrutura tão previsível que devemos deixar de apreciar estas histórias. Em primeiro lugar, porque a comédia tem geralmente origem em situações embaraçosas, pelas quais quase toda a gente já passou. É muito comum os autores terem ou conhecerem alguém que tenha passado por isso. E depois, porque tendo uma estrutura tão rígida, muitas optam por ter um tema mais profundo, enriquecendo assim história e personagens. As melhores comédias românticas, aliás, tal como os melhores filmes, são as que exploram temas universais e complexos, temas que vão para além da experiência romântica e que na verdade são temas da própria existência humana. Todas as grandes comédias românticas vingaram graças a esta universalidade.
Finalmente, um elogio a um género que tem vindo a crescer discretamente em Portugal. A comédia foi a grande força do cinema português durante muito tempo, na sua época dourada. O drama e o policial tornaram-se os géneros mais comuns em décadas recentes, mas nos últimos anos assistiu-se ao emergir deste género, incluindo o recente "A Bela e o Paparazzo", escrito por Tiago Santos, e que se tornou um sucesso comercial em português. Será um género que começa finalmente a ter expressão e apreciação em terras lusitanas?
No fundo, o amor acontece… e nós gostamos de o ver acontecer. Adorem ou odeiem, o sucesso das comédias românticas é inquestionável… ainda que alguns digam que é só porque os bilhetes se vendem aos pares…
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