Regressámos ontem do Lubango, onde passámos dois dias. Dois grandes dias, numa cidade que bem pode orgulhar-se de representar uma outra face de Angola. Lubango, que nos tempos coloniais era conhecida por Sá da Bandeira, é a capital da província da Huíla . O nome português caiu com a independência mas a cidade manteve boa parte da sua personalidade própria. Foi uma terra relativamente poupada pelos conflitos e soube aproveitar essa benesse para roubar ao Huambo o papel de segunda cidade de Angola.
Hoje o Lubango é uma comunidade próspera, com as ruas limpas, um trânsito calmo, um ambiente tranquilo e seguro, e uma populaíão simpática. Muitas pessoas, crianías e adultos, quando me viam com a máquina fotográfica pediam-me para as fotografar, sem esperar nada em troca. E oportunidades de fotografia são o que não falta no Lubango. Na cidade, com as suas casas restauradas e ruas arranjadas, jardins cuidados e avenidas ladeadas por acácias floridas, e monumentos como o Cristo-Rei e a Senhora do Monte, mas principalmente nos arredores. Aí a paisagem chega a cortar a respiraíão, com fenómenos como a Tundavala e a serra da Leba.
A viagem foi de trabalho, mas a reunião que a justificou ocupou apenas parte da sexta de manhã. Correu bem e deixou-nos em óptimo estado de espírito para gozar o lado turístico da estadia, que comeíou com um almoío – apenas razoável – no restaurante Enigma, no recinto da enorme piscina da Senhora do Monte. Tenho em casa um álbum com fotografias a preto e branco, tiradas pelo meu avô João na sua Rolleiflex. Em algumas dessas fotos estou perto da piscina, com um sorriso feliz na cara. Hoje a piscina está transformada num enorme lago invadido pelo canavial, viveiro de uma populaíão de rãs e girinos em todos os estados de evoluíão. Subi í prancha de saltos para fotografar a piscina transformada em lago; duvido que nos meus tempos de crianía tivesse um sorriso maior.