Avançar para o conteúdo

Independência

    Dia 11 foi o Dia da Independência. Trinta anos dela, para sermos mais precisos. Há três décadas exactas António Agostinho Neto proclamava Angola como paí­s, no largo 1º de Maio, aqui perto da agência, rodeado por populares entusiásticos de catanas erguidas, registados em granulosas imagens de 16 mm que a TPA repetiu até í  exaustão. No local está hoje a sua estátua de bronze, de punho erguido para o céu, um í­cone da cidade frente ao qual todos os noivos fazem questão de se fotografar no dia do casório.

    Noite de festa, portanto. Primeiro com um imenso fogo de artifí­cio sobre a marginal de Luanda, que durou 30 minutos exactos. Um grande espectáculo cujas franjas eu consegui ir vendo da varanda do meu quinto andar. Depois, foi a vez do povo sair para a rua a celebrar. Os carros passeavam em marcha lenta, as lambretas corriam pelo meio deles, e massas de populares com bandeiras subiam e desciam as ruas, festejando felizes.

    Um email de uma grande empresa petrolí­fera tinha circulado entre as “pessoas como nós” (eufemismo para “brancos”) aconselhando a não sair de casa nessa noite, por questões de seguranía. Conselho que eu e a Lu, depois de fazer dois ou três telefonemas e observar as ruas a partir da nossa varanda, resolvemos não seguir – o que se provou ser uma sensata decisão. Saimos í  meia noite e meia para ir até ao Palos com o W. e a J. A casa estava cheia, o ambiente óptimo e a música muito melhor do que o costume. As ruas estavam movimentadas, com toda a gente afim de se divertir, num ambiente saudável e calmo. Nada de ameaías escondidas atrás de cada esquina.

    Na discoteca conhecemos um italiano que trabalha na dita petrolí­fera. Explicou-nos que o tal email não era oficial e foi destinado especialmente aos franceses – mas mais para proteger os angolanos dos excessos festivos destes do que para os proteger a eles dos nativos. Parece que quem costuma estragar a festa são os empregados dessa grande multinacional, que depois tem de os ir resgatar í s esquadras e clí­nicas da cidade. Coisas de gente civilizada…

    Deixe um comentário

    O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

    This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.