Búzios, o nosso destino de reveillon, é uma península situada 150 kms a norte do Rio de Janeiro.
Vista no mapa, ou no Google Earth, parece uma daquelas bactérias estranhas, cheias de braços e filamentos, que quando se alojam no nosso sistema digestivo nos prendem três dias à sanita.
A realidade, felizmente, é muito mais simpática.
Descoberta para o mundo do jet set nos anos 70 pela – então – glamourosa Brigitte Bardot, Búzios afirmou-se rapidamente pelas suas praias maravilhosas, encaixadas numa geografia anárquica de montes e vales, e pela riqueza das paisagens circundantes, salpicadas de ilhas e ilhotas verdejantes, recortadas contra o céu azul e a linha distante do horizonte.
Destino de artistas e famosos, primeiro, de ricos e aspirantes, depois, é hoje um pólo de atração para classe média brasileira, argentina e europeia.
Para os portugueses, ao que parece, nem tanto. E não me estou a queixar – infelizmente, boa parte dos portugueses que visitam o Brasil fazem-no pelas razões erradas e não transmitem exactamente uma imagem com que eu me identifique muito. A esses, prefiro vê-los longe.
Se algum problema existe hoje em Búzios é o excesso de sucesso.
Períodos como o fim do ano e o Carnaval atraem multidões de turistas em busca de praia e diversão. E se a multiplicidade de pousadas e casas para alugar lhes garantem alojamento, os restantes recursos da península são puxados até ao limite. Estacionar nas praias ou no centro, à noite, exige imaginação e perseverança; caminhar pela famosa rua das Pedras fica a parecer um percurso de obstáculos; e nem sempre é fácil encontrar um lugar para comer, beber ou dançar que não esteja com fila de espera.
Apesar disso, Búzios é um destino recomendável. Não é barato; chegar lá pode ser estressante; nem sempre se tem o sossego desejado. Mas a beleza natural, a arquitectura típica, e a simpatia local compensam largamente esses defeitos.
Uma última recomendação: antes de ir, aplique-se seriamente no ginásio. Ou então vai passar o seu tempo a tentar encolher a barriga enquanto olha com inveja para os corpos sarados da multidão de garotos e garotas cariocas que enchem todos os recantos da península.
Acredite – eu passei por isso.