Li já no seu blogue que para TV se poderia considerar como "regra" (pouco fiável) um valor próximo de 1 pág. A4 = 1min. de filme. Contudo, em teatro, penso que esta regra não será válida, pois não existem os tempos mortos da TV, pelo que me parece que uma fórmula 60 págs. = peça de 1 hora não será acertada.
Na minha inexperiência parece-me como mais aproximado a leitura "cronometrada", em voz alta, do texto. Contudo, é pouco prático (eu pessoalmente detesto ler em voz alta).
Haverá uma fórmula que me aproxime de um valor de cálculo nr. págs. vs. duração da peça? Consegue dar-me algumas indicações ou ajuda nesta área?João
João, com esta pergunta empurrou-me para fora da minha área de competência. Pouco tenho escrito para teatro, e sempre em formatos não convencionais, em que essa questão não se colocava. Felizmente tenho amigos mais versáteis do que eu e que juntam a simpatia ao know how. Passo a palavra à Maria João Cruz, guionista e dramaturga:
Olá João,
É uma pergunta bem pertinente com a qual me debato desde que escrevo para teatro.
De facto, não dá para aplicar as mesmas regras de minutagem de um guião de televisão ou de cinema.
Num texto para teatro, o que prevalece é a palavra, o que sai da boca dos actores – é isso que faz a narrativa e a acção. Não se pode falar numa sequência de cenas, é muito mais uma sequência de acções, o que faz logo toda a diferença. Há muito menos descrições, menos mutações de cena, a elipse é quase inexistente. Para estabelecer um paralelo pouco convencional e bastante discutivel, é como se tudo fosse um gigantesco plano sequência com câmara fixa. Portanto, é isso que se tem de minutar.
Na minha experiência, tendo como base o trabalho que fiz para "Um Dom Quixote" e "Moby Dick", usando um template muito semelhante à de um guião de cinema, tenho mais ou menos estes cálculos: 40 a 50 páginas dão para 1.15h/ 1.30h de espectáculo, 80 a 100 páginas dão para 2h/2.30h de espectáculo. Mas também sei por experiência própria que o tempo de duração de uma peça só se consegue prever ao certo na primeira leitura com os actores.
Assim sendo e respondendo à pergunta, eu diria que para uma peça escrita nos moldes clássicos, em 3 actos, baseada essencialmente no diálogo entre actores, para um espectáculo de hora e meia não se poderá ir além das 50 páginas.
Espero que ajude.
Uma achega: leia-se Beckett e dará para perceber que essa questão do tempo em teatro não é grande temática. Mas pode gerar questões engraçadas. Abraço.
Olá!
Gostaria de saber se vocês saberiam me indicar o nome de uma boa editora no Brasil que publique peças de teatro de novos autores .
Obrigada pela informação,
melina.
Melina,
infelizmente não tenho resposta para si. Pode ser que algum outro leitor tenha…
Sobre a pergunta da Melina. 3 caminhos: editoras tradicionais – este só por milagre para conseguir. Mas não é impossivel, apenas quase impossível. outro caminho – você faz uma auto-pulicação – investe aí uns 3 mil, dependendo das características do seu livro e quantidade, e vende você mesma. É o que faço desde 1994 ( já passei por algumas editoras mas Scortecci é sensacinal. Outro caminho sem custos é a editora Agbook. Nesta plataforma vc publica seu livro sem desembolsar nada e o livro tem qualidade. Já fiz 4 por lá. A desvantagem: o livro fica caro, caso vc queira adquirir exemplares para vender. Mas compensa. É isso.