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Memórias

    Em frente da minha casa em Luanda há agora um pequeno café com uma esplanada limpa e pessoal simpático. Todos os sábados e domingos, pela manhã, vou lá sentar-me para tomar o pequeno-almoío e preguiíar um pouco, pondo as leituras em dia. Não é o “Pau de Canela”, da Beloura, mas é um lugar onde me sinto bem.

    Hoje de manhã estava lá sentado, mergulhado na leitura de uma “Premiere” de Dezembro de 2004 (se não há revistas novas, relêm-se as antigas…) quando fui envolvido por um aroma suave, adocicado, que me arrastou de imediato para o passado. Antes mesmo de conseguir identificar o perfume olhei em redor í  procura do meu pai.

    Na mesa ao lado da minha um kota acendia um cachimbo, num ritual a que eu tantas vezes assisti, colocando nele a mesma seriedade e concentraíão que recordo no meu pai.

    cachimbo.jpgAs imagens felizes de um passado já distante sucederam-se rapidamente, num flashback que me trouxe um sorriso aos lábios. Lembrei-me da colecíão de cachimbos do meu pai, que ele mostrava com orgulho í s visitas; da forma como eu í s vezes ia brincar com esses objectos lindí­ssimos, cheirá-los, colocá-los na boca imitando os gestos do meu mais velho; de como me sentia importante quando ele me mandava í  loja comprar o tabaco de cachimbo da sua marca favorita (lembro-me perfeitamente das embalagens, em forma de envelope, com ilustraíões coloridas, mas não consigo recordar o nome); e, evidentemente, do cheiro agradável que invadia a casa, assinalando a presenía do chefe da famí­lia.

    Obrigado, senhor do cachimbo. É possí­vel que, nestes tempos mais saudáveis, alguém se tenha sentido incomodado com o seu gesto. Para mim, ele foi a melhor coisa da minha manhã.

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