Estou a reler o romance que vou adaptar, tomando notas para refrescar a memória que retive da primeira leitura.
Como já suspeitava, o desafio maior vai ser decidir o que deixar de fora. O livro tem uma riqueza de material de base – personagens, situaíões, referências, até diálogos – muito superior ao que um filme de hora e meia ou duas horas pode comportar. Mas esta necessidade de cortar e eliminar cria um paradoxo: a necessidade de criar novas cenas, eventualmente novos personagens, para preencher os buracos que os cortes entretanto geraram.
Além disso, e por muito “cinematográfico†que um romance seja – e este é bastante – os dois meios têm lógicas narrativas e estruturais diferentes. Para ser fiel ao original, e preservar aquilo que nele me encantou e atraiu, terei possivelmente de o transformar e refazer. É nesse equilíbrio delicado – o que manter e o que mudar – que vai residir todo o sucesso da adaptaíão.
Mas isso são problemas que não me preocupam para já (pelo menos conscientemente; sei que inconscientemente já estou a trabalhar neles). Por enquanto limito-me a tomar notas, a sublinhar as cenas e passagens de diálogos que vou tentar incorporar, e a procurar entender os personagens, as suas motivaíões e segredos.
Para tomar as minhas notas estou a utilizar um software de guionismo novo, chamado Montage. É exclusivo para o Mac e ainda está em fase beta, ou seja, experimental. Mas tem um módulo de outline muito prático e funcional e, supostamente, é compatível com o Final Draft, que uso normalmente para escrever guiões. Vamos ver se não me arrependo de o experimentar num projecto tão importante.
Obrigado