Além de ser uma grande guionista, a minha amiga Patrícia Muller é uma querida. Tão querida que aceitou escrever um depoimento sobre uma das telenovelas mais bem sucedidas da televisão portuguesa, que ela conhece como ninguém: os "Morangos com Açúcar". É um mundo que me é completamente estranho e por isso a leitura deste texto foi tão interessante para mim como provavelmente será para todos vocês.
Morangos com Açúcar
Esteve para se chamar Baía do Sol, mas tivemos sorte. O nome Morangos com Açúcar funcionou muito melhor. Ao início, e já lá vão cinco anos, tínhamos pouco por onde começar. Uma série para o público juvenil, mas o que é que isso quer dizer? Foi o tempo de toda a experimentação. A equipa era nova. Tínhamos ideias, força, alegria. Pareço uma velhinha a falar dos tempos de juventude, mas é exactamente assim que me sinto. Lembro-me de uma vez em que quisemos fazer uma festa na praia. A produção disse que praia era difícil, mas sugeriu um parque de estacionamento. Acho que não estavam a falar a sério, mas a verdade é que ficou um dos melhores episódios de sempre. Foi o máximo. Conseguimos levar uma dúzia de carros que, em círculo, iluminavam o centro do parque. A ideia foi que a música vinha dos carros, fez-se uma fogueira e os actores dançaram. Tivemos uma enorme audiência.
Nunca ninguém esperou que isto funcionasse durante tanto tempo. Anos passaram e os Morangos com Açúcar fizeram história. Há quem não goste, é certo. E justo também. Não gostamos todo do mesmo. No entanto, é inegável reconhecer que por aqui tudo passou. Passaram os actores, as equipas, os técnicos. Passou a publicidade, o life style, a fantasia. Principalmente, passaram os temas que antes não se discutiam. O sexo, os amigos, a escola, a droga, a tecnologia, a entrada na idade adulta. As pessoas não imaginam o quanto custa escrever esta série. Nós, os autores, não temos dezasseis anos e os nossos dezasseis anos não têm nada a ver com os dezasseis anos de hoje. Temos que nos actualizar sempre, pesquisar, pensar no “que anda aí”, tentar encontrar a voz certa que chegue à nova geração. Não consigo imaginar nada mais difícil. Junta-se a isso os prazos apertados e temos um cocktail molotov pronto a explodir. A isso chamamos Morangos com Açúcar.
Claro que quem vê televisão tem pouca noção do trabalho envolvido. O público é muito mais exigente do que se espera. Falamos de miúdos que hoje têm acesso a tudo, todo o tipo de informação, todo o tipo de entretenimento. Temos que lhes dar coisas que os surpreendam, que os façam querer voltar todos os dias. E temos conseguido que isso aconteça. Há uma geração que cresce com os Morangos. O que quer dizer que há uma geração que cresce connosco. Não consigo imaginar responsabilidade maior.
(Há uns meses, estou eu num café, e vejo duas miúdas pequenas, aí com sete ou oito anos, a ver os Morangos na televisão. A cena que passava era a de uma jovem a fazer um teste da Sida, que deu negativo. A jovem choramingava um pouco, de alegria, dizia à amiga: “Não tenho Sida!” Uma das miúdas olhou para a outra e perguntou: “O que é que é Sida?”. A outra encolheu os ombros, em sinal de ignorância, e as duas continuaram a ver televisão. Um dia vão perceber o que é. E talvez se lembrem da personagem que ficou contente por não ter a doença. E talvez, mesmo talvez, sejam mais conscientes em relação ao assunto).
Caro João,
Na minha opinião, a série Morangos com Açucar, apesar de como disse, abordar assuntos pertinentes e extremamente importantes para a formação dos nossos jovens, não lhes trouxe beneficio nenhum, pelo contrario:
1) Muito poucos ou nenhuns jovens podem frequentar escolas com aquelas condições, logo, muito pouco representativo.
2) A série é demasiadamente elitista e apenas provoca na maioria dos jovens que assistem, curiosidade pelas roupas, penteados, modelo dos telemoveis, etc., enfim; futilidades.
3) A série mostra um exagero de falta de autoridade dos pais perante os seus filhos que é altamente prejudicial. As familias normais não são assim, são muito melhores.
4) Maldade exagerada de alguns personagens, que como em todas as telenovelas, apenas é punida no final, em apenas um ou pouco mais episodios. Isto é muito grave, ja que se passam horas infinitas de maldade impune, dando assim a ideia que se pode ser mau durante muito tempo, sem sofrer as consequencias.
5) A caracterização das personagens é exagerada e duvidosa. Erradamente mudou a maneira como os jovens portugueses se passaram a vestir e pentear. Mudaram para pior, principalmente pelas tendencias de fusão sexual ou aparencia homossexual, os maiores exageros notaram-se nos rapazes. Ninguém quer que os filhos tenham aquela aparencia.
6) A musica da série é, na generalidade, de acentuado mau gosto. Basta ver o arrepiante sucesso de uma banda como os DZRT, absolutamente desastrosa em termos artisticos. Um autentico atentado à futura sanidade artistica da juventude portuguesa. Os pimba de Cascais, era como se devia chamar o grupo.
7) Por ultimo, mas não menos importante, a série, com a ajuda de uma grande equipa de marketing, atingiu um sucesso sem precedentes na televisão, de tal ordem que outros canais nacionais passaram imitar, para prejuizo das familias portuguesas. Para além disto, esta ganancia por atrocidades lucrativas do género, foi fatal para a todas as alternativas de muito maior valor artistico e didactico, muito mais merecedoras desse tempo de antena.
Cumprimentos
Caro Vasco
só uma correcção: não sou eu quem disse, mas sim a Patrícia Muller, uma das guionistas da série.
ola patricia
es dos morangos com açucar?*
se es podes dizer-me o teu nome nos morangos
poke tou em duvidax …
eu tenho o teu hi5
sou a flavia envia
o teu nome e o teu meil
ok!!!
adyeus e xau
eu adoro os murangos espero que nunca acabe
Depois de ler o texto e os respectivos comentarios, n tenho muito a acrescentar, concordo com quase tudo o que disse o Vasco e ao pelo menos houve argumentos…n vou comentar os restantes comentarios…
quanto ao texto escrito por uma guionista dos morangos com açucar ha uma passagem que eu gostava de sublinhar: «Nós, os autores, não temos dezasseis anos e os nossos dezasseis anos não têm nada a ver com os dezasseis anos de hoje.» Precisamente, e com todo o respeito acho que posso dizer com segurança que nunca se identificou com o target da serie, talvez na 1a e 2a serie o sucesso subito da serie serviu de lume para fazer a carruagem andar, mas ja ultrapassamos essa fase…
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