Eu gostaria de saber se no processo de escrita de um guião sobre jovens posso (ou devo) utilizar expressões como por exemplo: em vez de "estás" colocar "tás" ou se devo deixar esses actos linguisticos a cargo dos actores. — Patrícia
Patrícia, a questão que me coloca também se põe noutros casos. Por exemplo, um personagem que gagueja – será que devemos escrever todos os seus diálogos com essa característica?
Pessoalmente acho que o guionista deve preocupar-se mais com o ritmo, vocabulário e síntaxe de cada personagem do que propriamente com a sua pronúncia ou tiques de linguagem, que são essencialmente uma preocupação do actor.
Um guião que fosse totalmente escrito da maneira que refere correria o risco de ficar muito difícil de ler. Além disso, implicaria um conhecimento perfeito da pronúncia e maneirismos que se querem reproduzir, o que nem sempre é fácil (quando não é mesmo impossível).
No entanto, pode ser útil dar "um cheirinho" dessas características nos diálogos. Se o personagem gagueja, podemos referi-lo na sua descrição, quando o apresentamos, e ir introduzindo um ou outro gaguejar nos diálogos, para recordar esse aspecto aos leitores.
O mesmo se passa com os jovens – um "tás" aqui, um "pra" ali, servem para lembrar ao leitor a idade dos personagens, se combinados com o vocabulário e estilos certos. É tudo uma questão de encontrar o equilíbrio certo e a forma mais adequada à sua maneira de escrever.
goostaria de fazer um dialogo entre dois jovens e uma mae para um trabalho de portugues . Mas os jovens sempre teem que que estar falando girias maaas naao eestou conciguiindo
Boa Tarde
Uma história que se desenvolva no ano de 1960, num Bairro lisboeta, deve-se escrever o calão da época e a maneira de falar?
Se esse calão e maneira de falar ajudarem a contar a estória, e não distraírem do essencial, diria que sim.
Mas a solução mais comum é dar apenas um cheirinho desse calão e maneirismos de linguagem, para ajudar a situar o local e a época.
Por exemplo, num filme passado no século XIV não vamos com certeza colocar os personagens a falar tal e qual se falava na época, pois não seriam entendidos pelos espectadores atuais. Mas devemos introduzir algumas expressões e construções que nos ajudem a “viajar no tempo”.
É claro que pode haver excepções. Um determinado projecto, por exemplo, pode ser interessante exactamente por retratar com absoluta fidelidade um modo específico de falar de uma época ou comunidade. Mas é uma decisão que tem de ser tomada conscientemente dos seus prós e contras.