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Uma entrevista minha antiga

    Encontrei numa pasta uma entrevista com sete ou oito anos que dei para o antigo site da APAD- Associação Portuguesa de Argumentistas e Dramaturgos. Como basicamente ainda acredito em tudo o que escrevi então, achei engraçado republicá-la aqui:

    É guionista profissional ou amador?
    Que esta pergunta possa ser feita dá bem conta do estado da profissão no nosso país. Guionista amador é, ou deveria ser, uma contradição nos termos, como “arquitecto amador”, ou “médico amador”. Portanto, e tanto quanto possível no nosso mercado, diria que sou profissional.

    Qual é o seu método de trabalho?
    É um método em quatro etapas: pensar; tornar a pensar; pensar ainda mais um pouco; e escrever. Nesta última fase, uso o computador, ora com um programa especializado (o Final Draft) ora com o vulgaríssimo Word (para facilitar o intercâmbio de ficheiros).

    Onde e como lhe surgem as melhores ideias?
    Correndo o risco de ser pouco original, diria que no duche, de manhã. Como vivo em Sintra e tenho a empresa em Lisboa, o tempo passado no IC19 na Ericeira o tempo passado a conduzir também tem sido bastante proveitoso (antes isso que insultar os outros condutores).

    A que truques recorre para ultrapassar a “síndrome da folha em branco”?
    O único truque em que acredito é deixar para trás o espírito crítico e começar a escrever — seja o que for. Com um bocado de sorte, depois das engrenagens mentais aquecerem, começa a sair qualquer coisa de jeito. Aí basta seleccionar as primeiras linhas/parágrafos/ páginas e fazer “delete”.

    Há algum tema sobre o qual se sinta incapaz de escrever?
    Quando era publicitário escrevi anúncios para Tampax. Acho que isso diz tudo.

    Quais os trabalhos de que mais se orgulha e mais se envergonha?
    O último. O último, um mês depois.

    Gosta do papel de “ghost writer” ou prefere o protagonismo?
    O meu primeiro trabalho na área da escrita foi a escrever novelas cor-de-rosa como “ghost writer” para uma amiga que era “ghost-writer” de uma escritora que escrevia sob pseudónimo. Mais "ghost writer" do que isto é difícil. Resta dizer que só fiz isso porque tinha 17 ou 18 anos na altura. Que tipo de novelas de amor se podem escrever com essa idade, isso já é outra questão.

    O que faz imediatamente depois de ter escrito “Fim”?
    “Save”.

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