Ontem, dia 8 de Julho de 2011, foi uma data muito importante para o cinema português: num cartório de Lisboa nasceu a Academia Portuguesa das Artes e Ciências Cinematográficas – a nossa Academia.
Estiveram presentes no ato dez dos membros da Comissão Fundadora, com destaque merecido para o produtor Paulo Trancoso que há vários anos alimenta este sonho. O Paulo é incontestavelmente o principal responsável pelo movimento que, no início deste ano, se organizou a partir do Facebook e agora terminou com a assinatura das actas de constituição da APACC.
Faço parte desta Comissão mas, infelizmente, não pude estar presente na cerimónia. À hora a que ela decorreu já estava em viagem do Brasil para Portugal, onde cheguei hoje, mas não quis atrasar o nascimento de uma entidade tão importante nem um minuto mais do que o necessário.
A maior parte das pessoas pensará na Academia apenas como a entidade que, finalmente, se vai encarregar de atribuir prémios verdadeiramente independentes para o cinema português. Prémios em que os profissionais de cada área de atividade do setor reconhecem e distinguem o que de melhor se cria e produz em cada ano, à semelhança do que é feito pelas Academias congéneres no resto do mundo, a mais famosa das quais é, sem dúvida, a americana, com os seus Óscares.
Mesmo que a Academia fizesse apenas isso, já estaria a dar um precioso contributo para o desenvolvimento do cinema português. Mas a APACC propõe-se fazer muito mais do que premiar os nossos criadores. Como se pode ler nos seus Estatutos,
"a Academia tem por fim promover nacional e internacionalmente o cinema português:
a) fomentando o desenvolvimento das artes e ciências cinematográficas;
b)promovendo o relacionamento e o intercâmbio de informação científica, artística e técnica entre todos os seus associados;
c) promovendo e realizando estudos e trabalhos relativos às artes e industrias cinematográficas;
d) editando, difundindo e distribuindo estudos científicos, artísticos e técnicos, bem como estabelecendo intercâmbios científicos, artísticos e culturais com entidades nacionais ou estrangeiras com os mesmos fins;
e) fomentando o desenvolvimento e evolução qualitativa das diferentes especialidades relacionadas com o cinema, bem como a formação, qualificação e valorização dos seus associados;
f) promovendo a investigação científica em matérias cinematográficas;
g) relacionando-se com a Administração Pública propondo iniciativas relacionadas com o cinema ou fornecendo informações quando para isso tenha sido solicitada;
h) concedendo prémios anuais aos melhores filmes e desempenhos nas diversas categorias profissionais da actividade cinematográfica;
i) concedendo prémios anuais aos melhores trabalhos sobre temas de investigação científica no âmbito do cinema, bolsas para estudos relacionados com a cinematografia portuguesa e bolsas de valorização profissional;
j) exercendo qualquer outra actividade que tenha por fim elevar o nível artístico, técnico e científico dos seus associados, estimulando a consciência dos cidadãos, dando às artes cinematográficas o nível que merecem, fomentando uma relação com todas as instituições e pessoas relacionadas com as artes cinematográficas e salvaguardando o património, nomeadamente cinematográfico, que lhe seja atribuído, e que tenha aceitado, por associados ou terceiros;
k) produzindo e promovendo eventos relacionados com o seu objecto."
São objetivos ambiciosos mas sem dúvida necessários. O setor do cinema e do audiovisual atravessa uma fase de grandes difiuldades e problemas, mas começa finalmente a dar sinais de querer sair da crise que quase o afundou em anos recentes.
Coincide o nascimento da Academia com a nomeação de um novo secretário de Estado da Cultura e o anúncio para breve de uma nova Lei Orgânica para o cinema. Espero que ambas as notícias representem o renascimento de um setor que é de importância vital para a construção da identidade cultural do nosso povo.
Conheça:
Como em todos os caminhos que se querem percorrer, há sempre que dar um primeiro passo para começar, e dando-o, estamos desde logo mais perto do nosso destino.
Espero sinceramente que seja mais uma peça na construção de um cinema português cada vez mais presente e importante na vida do país. Só a arte no poderá salvar.
Abraço
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Que excelente notícia. Espero que seja o início de uma nova era no cinema português.
Alguém sabe como se irá chamar o prémio da Academia Portuguesa, ou nada disso foi ainda acordado?