Por esta altura do campeonato, já toda a gente sabe o que é o iPad e de como o mundo será mais maravilhoso depois de todos comprarmos um. Estou a ser irónico, obviamente; mas, por outro lado, não estou.
A minha primeira reacção quando vi o iPad foi de entusiasmo moderado. Ou, deverei dizer, de muito ligeira desilusão. Esperava mais. Pareceu-me, à primeira vista, pouco mais do que um iPod Touch grande.
Mas depois de ver o vídeo de apresentação pela segunda vez, comecei a conseguir imaginar-me a usá-lo em várias situações. Para vaguear na net antes de adormecer; para ver os emails no café; para tomar notas numa reunião; para mostrar à família vídeos e fotografias; para consultar rapidamente a imdb e desfazer uma dúvida numa discussão.
Mas até aí já chegámos todos, por isso resolvi acrescentar aqui algumas reflexões sobre como um bicho destes pode ajudar um guionista ou realizador.
- A primeira utilização, e mais óbvia, será para ler guiões em .pdf. É muito mais prático do que andar com aqueles calhamaços enormes e desajeitados na mala.
- Mais do que lê-los, podemos anotá-los, juntar-lhes páginas com imagens e referências, enfiar-lhes as fotos do casting, das locações, do guarda-roupa, e com isso substituir completamente um guião de trabalho.
- Penso que ainda não há software de escrita de guião para o iPad, mas não me surpreenderia se o pessoal do CeltX desenvolvesse uma iApp para esse efeito. Não será prático escrever com o teclado do ecrã, mas pode sempre usar-se um teclado externo para isso.
- Por outro lado, podemos perfeitamente delinear o enredo de uma história, com o método dos cartões, usando um programa como o Keynote (o rival do PowerPoint lançado pela Apple). A vantagem é que andará sempre connosco, e podemos acrescentar cenas, mudar a sua ordem, editá-las e alterá-las sempre que a inspiração chegar.
- Obviamente, se algum criador de software desenvolver uma aplicação específica para esse efeito, os resultados serão ainda melhores. O John August não se cansa de falar de uma iApp que está a desenvolver para o iPhone. Será isso?
- O iPad também será sensacional para fazer pesquisa e tomar notas sem ter de ficar preso em casa. Como uma das versões tem 3G e não está bloqueada a nenhum operador, em princípio será possível usá-lo com um cartão português e entrar na net em qualquer lugar.
- Com a opção dos iBooks será fácil trazer sempre connosco os livros de referência mais usados, em versão electrónica.
- Há uma iApp do iPhone para fazer storyboards. Imagine-se o potencial que o novo ecrã do iPad oferecerá para este efeito.
- Será também o ideal para termos sempre connosco um currículo interactivo, com links para trailers ou excertos de filmes que tivermos escrito ou realizado. Podemos mostrá-los a qualquer hora, mesmo num encontro casual com o Spielberg num elevador de hotel.
Evidentemente, tudo isto que eu escrevi antes são apenas tentativas desajeitadas de começar a justificar a mim mesmo a compra de um iPad. Ajude-me nesse meritório objetivo deixando nos comentários mais ideias e sugestões da utilidade de um iPad para um guionista ou cineasta.
ACTUALIZAÇÃO: John August, no seu blogue, escreveu um artigo praticamente igual ao meu, 'How screenwriters will use the iPad". As suas ideias são muito semelhantes às que eu próprio indico acima, mas vale a pena ler pois nos comentários há mais algumas sugestões engraçadas.
Veja o vídeo oficial do iPad →
Veja a apresentação do iPad pelo Steve Jobs →
Também quero um! Já estou até juntando um dinheirinho para isto. Sei que quando vier para o Brasil vai custar umas 10 vezes mais, a loja da Apple aqui tem um lucro fabuloso! (E a gente, um prejuízo fabuloso).
Um iPad desses deve ajudar bastante não apenas na pesquisa para roteiros, e tudo o mais que você citou, mas também para escrever blogs! Não é mesmo?!
Sinto muito, os homens talvez não gostem, mas o adjetivo que mais me vêm à cabeça ao ver esse aparelho é “FOFO”! Muito fofo!! Eu também quero um!!!