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“Aristides de Sousa Mendes – O Cônsul de Bordéus” vai estrear

    "Aristides de Sousa Mendes – O Cônsul de Bordéus", o último guião que escrevi e que foi produzido, vai estrear dia 15 de Novembro em Portugal. Veja no fim deste artigo como ganhar bilhetes para a antestreia.

    É uma longa metragem de ficção que aborda os meses cruciais do verão de 1940 em que o então cônsul de Portugal na cidade francesa de Bordéus, Aristides de Sousa Mendes, desafiou as ordens da diplomacia do governo dito "neutral" do ditador António de Oliveira Salazar e emitiu dezenas de milhares de vistos que salvaram mais de 30.000 pessoas, grande parte dos quais judeus.

    Afastado das funções de cônsul por Salazar, continuou a emitir vistos à revelia e ainda conduziu uma última coluna de refugiados até um remoto posto na fronteira de França com Espanha.

    E tudo isto enquanto o exército nazi invadia França, fazia capitular Paris e se aproximava cada vez mais de Bordéus.

    Aristides de Sousa Mendes é um dos grandes heróis portugueses. Afastado do corpo diplomático e proibido de exercer advocacia, acabou por morrer na miséria poucos anos depois destes eventos. Triste sina a dos nossos heróis…

    Felizmente o seu mérito já foi internacionalmente reconhecido e recebeu múltiplas homenagens em muitos locais do mundo.

    Este filme, produzido pela Take 2000 de José Mazeda, escrito pelo João Correia, António Torrado e por mim, e co-realizado pelo Francisco Manso e João Correia, pretende ser mais uma homenagem a essa grande figura.

    E, espero eu, uma hora e meia bem passada numa sala de cinema.

    Cartaz do Filme

    O jornal Público está a organizar um passatempo para oferecer convites para a anteestreia.

    16 comentários em ““Aristides de Sousa Mendes – O Cônsul de Bordéus” vai estrear”

    1. Noooossa, João! Li sobre o filme (e obviamente sobre essa história do Aristides, que desconhecia) pouco mais de um mês atrás, mas a matéria não informava os roteiristas e… Nooooossa, João, que surpresa! Então você co-escreveu, é? Bacana, bacana.

      Aliás, essa tua sentença: “Triste sina a dos nos­sos heróis…”, com ela me debati muito quando comecei a pensar em escrever guiões. O nosso cinema, o cinema brasileiro, acho que também anda carecendo de heróis. Digo não só de se retratar heróis históricos (ou no caso de redescobri-los, de “resgate”, como o do Aristides), digo também de heróis inventados, que condensem e expressem uma forte demanda social.

      O Capitão Nascimento do Tropa de Elite seria um exemplo. Mas isso ocorreu só no segundo filme do Padilha. E é o único exemplo, em décadas, que me vem à cabeça. Pena.

      Bom, voltando ao babado: então, quando O Cônsul der as caras aqui… lá vou eu assistir!

      1. Não foi exatamente uma co-escrita pois nunca trabalhei em conjunto com o outro guionista, o António Torrado, embora tenha discutido o trabalho com o co-guionista e co-realizador João Correia.
        Segundo as normas de atribuição de créditos da Writers Guild of America, seria um “Guião de João Correia & António Torrado e João Nunes“. O uso do “&” indica que os guionistas trabalharam em conjunto; o do “e” que trabalhou independentemente.

        1. Cícero Soares

          Ah, sim, bom você ter aproveitado pra reforçar como funcionam essas indicações.

          Mas, por curiosidade (claro, se você puder contar sobre): posso imaginar que, na escritura de filmes como esse, há dois tipos de trabalho: 1) o de seleção de eventos históricos pertinentes que, 2) estruturados, possam servir como eventos dramáticos. O teu foi mais para o lado dessa dramaturgia própria a guiões ou englobou ambos?

          Ah, outra curiosidade: googleando ontem sobre o Aristides, deparei-me com esse post de fevereiro do André Barcinski (figurinha carimbada do jornalismo, escreve sobre cinema, música e outros coisas pops pra Folha de São Paulo, e tem “parceria” de longa data com o José Mojica Marins, etc.), em que ele relata como a família foi “descoberta” pela Sousa Mendes Foundation:

          http://andrebarcinski.blogfolha.uol.com.br/2012/02/16/sousa-mendes-o-nosso-schindler/

          Legal, né?

          1. Cícero, a tua análise é perfeita: um trabalho como este divide-se em pesquisa e escrita. No caso concreto d’”O Cônsul de Bordéus”, a maior parte da pesquisa já estava feita e o essencial da estória tinha sido definido. É claro que fiz muita pesquisa pessoal, para me ambientar com o personagem e o momento. Mas o essencial da minha contribuição foi a nível da dramaturgia.
            Quanto ao teu link, é curioso que refira um caso brasileiro de um descendente dos judeus salvos por Aristides, porque isso tem a ver com uma das componentes dramáticas deste filme, que o trailer não desvenda. E eu também não vou estragar a surpresa ;)

      2. Aaaaaaaah… Conta, João, conta! Brincadeira :) Mas sabe que talvez eu possa supor algo desse componente? Uma descoberta surpreendente como a do Barcinski é um “evento” interessante e forte, que se encaixaria bem ao final. Hum, quer dizer, se meu palpite for por aí, né?

        Mas olha só: o blog dele costuma ter uma centena de comentários, e correndo os olhos neles vi que o Barcinski acabou esclarecendo que, salvo uma obrigada conversão preparatória para a “fuga” que ele desconhecesse, a família polonesa dele é de origem católica.

        Quer dizer, o que não muda muito, né?, já que sabemos que essa prática totalitária de perseguições foi generalizada. (O que, aliás, feliz e infelizmente, alarga a dimensão do heroísmo do Aristides.)

        Ah, e outra curiosidade: semana passada fiz um mini-curso com outro Barcinski, o Philippe, diretor de Não Por Acaso (se não viu, veja, pois… hum, é, tive certas precauções com alguns pontos no roteiro lá, mas a premissa e a linha mestra são fantásticas) e do recente Entre Vales (que abriu o Festival do Rio mas ainda não estreou no circuitão nacional, antes o filme vai rodar em festivais internacionais, etc.e tal) e…

        Puxa vida, tive a chance e não sei por que a desperdicei, de perguntar se eles eram parentes e… E, puxa vida, e se eu soubesse antes dessa história da família do André…

        Opa, na verdade acho que agora estou pensando alto :)

        Mas valeu, João, valeu mesmo. Agora só no aguardo de o filme cruzar o Atlântico e… surpresa!

      3. Olá João.
        Antes de mais, parabéns!
        Desconhecia o facto de ter sido um dos responsáveis pelo guião do filme.
        Já tinha pensado em ir vê-lo e, agora, faço mesmo questão! :)
        E, claro, voltarei aqui para dar a minha opinião.

        Votos de muito sucesso para este filme! :)
        Abraço,
        Bárbara

      4. Parabéns João, fiquei muito tocada vendo o trailer imagino como maravilhoso deve ser o filme, espero que venha logo para o Brasil.

        1. Obrigado a todos. Espero que tenham oportunidade de ver o filme em breve, e que gostem do que virem.

      5. João, já tive oportunidade de assistir ao filme e cumpre-me dizer que gostei muito.
        Não deixando de ser um filme português, com algum ‘fado’, consegue ter uma dinâmica à volta da qual gravitamos a sessão inteira :)
        Parabéns por mais este trabalho!
        Esperamos mais ;)

      6. Parabéns, João! Mais um!

        Tenho de ver em que sala posso ver o filme cá no Porto ;)

        Já agora, uma questão: fazer um filme com esta premissa acarreta sempre algum risco de que ele acabe por tornar-se muito semelhante a filmes como “A lista de Schindler”, por exemplo (sobretudo a nível da narrativa, porque em Portugal não há meios para fazer uma produção dessa escala).
        Como é que lidaram com esse desafio no guião?

        abraço

        berni

        1. Não foi um desafio. Tínhamos a base histórica do filme, que é muito diferente do caso do Schindler. O episódio do Aristides de Sousa Mendes foi muito mais concentrado no tempo e com circunstâncias e escala diferentes: o Schindler estava no centro do furacão e salvou umas centenas de judeus; o Aristides estava na periferia, embora com a ameaça permanente da aproximação gradual dos nazis, mas salvou umas dezenas de milhares. O Schindler usou sobretudo a manha e a manipulação dos interesses económicos nazis, o Aristides usou a teimosia e o desafio à autoridade. Foram dois casos de coragem muito diferentes mas igualmente meritórios.
          De qualquer forma o nosso filme tem uma estrutura narrativa muito diferente, assente num longo flashback. Só isso já o tornaria um filme bastante diferente.

          1. Obrigado pela resposta, João!

            Faço votos de que o filme seja visto por muita gente, apesar da conjuntura pouco propícia (tinha-me esquecido desta parte no comentário anterior ;)

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