Como está o mercado de produção de filmes em Portugal? É fácil para um guionista novo entrar no mercado? Qual seria a melhor maneira de fazê-lo? — Phil
Phil, nunca é fácil entrar em nenhum mercado, muito menos em qualquer área que envolva o cinema ou o audiovisual, e ainda menos no Portugal de hoje.
Em Portugal nunca houve muita gente a viver exclusivamente como guionista, e ninguém apenas como guionista de cinema. Os que sobrevivem escrevendo guiões fazem-no essencialmente com o trabalho para a televisão, completando-o depois com o guião de cinema ocasional.
O resto são amadores que exercem outras profissões e escrevem guiões quando podem e lhes pagam (ou nem isso).
Se a situação nunca foi brilhante, a crise que afectou todos os portugueses também deixou a marca no cinema nacional e em todas as suas profissões, incluindo a de guionista.
A produção de cinema desceu para níveis nunca vistos, projectos que já tinham sido financiados foram suspensos, e os cortes de verbas publicitárias afectaram muito a capacidade de produção dos canais televisivos.
O resultado foi menos oportunidades de escrita, em menos géneros (telenovela e pouco mais), e valores ainda mais baixos do que os que antes eram praticados.
Apesar de ter sido recentemente aprovada uma nova lei do cinema, que promete trazer novos financiamentos para o sector, incluindo a escrita, ainda não se sabe quando, como e com que resultados ela entrará em vigor.
Os mais otimistas acreditam que esta lei poderá voltar a pôr a produção nacional em marcha ainda este ano, regressando ao ritmo de 15 ou 16 filmes por ano. Os mais descrentes acham que é só fogo de vista. E a maioria prefere esperar para ver.
O panorama, como vê, não é animador. Mas, por outro lado, se tiver escrito um excelente guião, entrar no mercado pode ser menos complicado do que parece.
Com um bom guião – original, sólido, bem escrito e bem reescrito – a servir-lhe de cartão de visita, irá inevitavelmente chamar a atenção dos produtores de audiovisuais. Já li muitos guiões de candidatos a guionistas e, infelizmente, a maior parte não presta. Um bom guião está condenado a destacar-se.
Depois é como tudo na vida: um pouco de sorte para estar no sítio certo na hora certa; sentido de responsabilidade; capacidade de cumprir sempre e em todas as circunstâncias; honestidade; e muito trabalho e dedicação.
Fácil? Não. Possível? Com certeza.
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Obrigado pela resposta directa e honesta, João. Não parece fácil, não … mas como disse, com muito trabalho, um bom guião e um bocado de sorte … quem sabe?