O cinema, especialmente o mais recente, está recheado dos chamados anti-heróis. Muitos deles até se tornaram alguns dos personagens cinematográficos mais memoráveis e fascinantes. Basta pensar, por exemplo, em Travis Bickle, de Taxi Driver, ou Michael Corleone, de O Padrinho.
Já escrevi aqui no blogue um artigo extenso com dicas para escrever um bom anti-herói, por isso não me vou alongar mais sobre esse aspecto.
Mas retomo o tema porque encontrei numa resposta do Quora uma definição muito engraçada dos vários tipos de anti-heróis. Segundo o autor, Paul Yoder, há três tipos de anti-heróis:
- O Frodo é um protagonista que, como o hobbit Frodo de O Senhor dos Anéis, não possui aparentemente os traços heróicos tradicionais mas é atirado para uma situação em que o seu heroísmo acaba por se revelar. O seu fascínio vem da sua capacidade de estimular a nossa identificação. Se eles, vulgares como são, conseguem fazer actos heróicos, porque é que nós não o conseguiremos?
- O Wolverine é o protagonista que procede de formas censuráveis para atingir fins (mais ou menos) louváveis. Não hesitam em quebrar as regras sociais para alcançar os seus objectivos – os fins justificam os meios é sempre o seu moto. É o facto de fazerem sem medo aquilo que nós, espectadores, nunca teríamos coragem para fazer que os torna tão fascinantes.
- O Humbert Humbert é o protagonista intrinsecamente mau, sem traços redentores, como o narrador pedófilo de Lolita, Daniel Plainview de There will be blood ou o psicopata Patrick Bateman, de American Psicho. Escrever um protagonista realmente negativo, mantendo até ao fim o interesse dos espectadores, é um dos maiores desafios que podemos enfrentar como guionistas. E também um dos mais divertidos.
Eu acrescentaria a estes três pelo menos mais um tipo de anti-herói:
- o Phill, batizado em honra do protagonista de Groundhog Day. São protagonistas como Bernie LaPlante, de Accidental Hero, ou Carl Friedriksen, o velhote de Up – pessoas antipáticas, amargas, ou vencidas da vida – colocadas em circunstâncias invulgares que vão testar a sua capacidade de transformação.
O que lhe parece – há mais algum arquétipo de anti-herói que deva ser incluído nesta lista? Deixe a sua opinião nos comentários.
Olá João, um abraço de cá.
tony