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Sete dicas de escrita de Aaron Sorkin

    Aaron Sorkin é um dos mais influentes guionistas da atualidade, e dos poucos que passou o crivo dos media e é conhecido para além do círculo restrito de nerds que sabem nomes de argumentistas. Para isso contribuíram trabalhos como as séries West Wing e The Newsroom, e filmes como Uma Questão de Honra, A Rede Social e o mais recente Steve Jobs.

    O trabalho de Sorkin caracteriza-se por uma pesquisa aprofundada sobre os temas que escolhe, que lhe permitem mostrar aspectos menos conhecidos desses universos e estórias, e por uma forma muito peculiar de trabalhar os diálogos, que parecem ter sempre a cadência de uma metralhadora.

    É também um mestre na escrita de monólogos, com uma força emocional que não esconde as suas raizes na tradição do teatro mas que Sorkin transpõe perfeitamente para a televisão e cinema.

    São exemplos disso o desabafo final do personagem de Jack Nicholson em A Few Good Men ou a monumental tirada sobre a decadência da América do personagem de Jeff Daniels, no primeiro episódio de The Newsroom.

    Concelhos de mestre

    Um artigo recente na revista online SlashFilm compila alguns dos conselhos de Aaron Sorkin sobre escrita, retirados de várias fontes. Os meus favoritos são o 1, 3 e 6, mas todos são dignos de reflexão.

    1. Respeite a inteligência da sua audiência
      “O pior crime que podemos cometer com uma audiência é dizer-lhes algo que eles já sabem. Temos que andar sempre à sua frente.” – Aaron Sorkin
    2. Deixe claro o que os seus personagens querem
      “Para mim, mais do que dizer à audiência o que o personagem é, prefiro mostrar o que ele quer. Tudo se resume a intenções e obstáculos: alguém quer alguma coisa e algo no seu caminho impede de o obter. (…) Algo formidável está no seu caminho, e as tácticas que o personagem usa para ultrapassar esse obstáculo é que definem quem ele é.” – Aaron Sorkin

    3. Personagens não são pessoas
      “As propriedades das pessoas e as propriedades de um personagem não tem quase nada a ver umas com as outras. Não têm mesmo. (…) as pessoas não falam em diálogos. As suas vidas não se desenrolam numa série de cenas num arco narrativo. As regras dramáticas são muito diferentes das propriedades da vida.” – Aaron Sorkin

    4. Mantenha os ouvidos abertos
      Frequentemente, se estiver realmente bloqueado, saio e vou a um lugar público – um restaurante, uma paragem de autocarro, qualquer lugar onde possa ouvir uma conversa alheia. A minha esperança é apanhar uma conversa que me ponha a pensar, ‘Como diabo terá começado esta conversa?’ A seguir tento escrever isso.” – Aaron Sorkin

    5. Deixe a escrita fluir
      “Quando se trata da voz autoral, se estiver consciente do que estou a fazer, é porque provavelmente estou a fazer alguma coisa errada. Tem de haver um momento em que estamos seguros, sabemos acerca do que é a cena, o que tem de acontecer na cena, e qual é o problema. É o momento em que temos apenas de deixar a escrita fluir. Estamos com sorte quando isso acontece.” – Aaron Sorkin

    6. Para vencer o bloqueio de escritor, recomece de fresco
      “Tenho muitas manias. Vou para o escritório muito cedo. De manhã bem cedo é bom para escrever. Tomo seis ou sete duches por dia. (…) Estou a escrever, a escrever, e não está a correr bem, por isso começo de novo, tomo um duche, visto roupas limpas, e sinto-me refrescado para começar de novo.” – Aaron Sorkin

    7. Respeite a sua voz
      “Não podemos escrever senão como nós mesmos.” – Aaron Sorkin

    Fonte: SlashFilm

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