[fountain]
KAFFEE
Vou perguntar pela quarta vez. Você ordenou —
JESSEP
Quer respostas?
KAFFEE
Acho que as mereço.
JESSEP
Quer respostas?!
KAFFEE
Eu quero a verdade.
JESSEP
Você não aguenta a verdade!
Ninguém se mexe.
JESSEP
(continuando)
Filho, vivemos num mundo que tem muros. E esses muros têm de ser guardados por homens armados. Quem é que vai fazer isso? Você? Você, tenente Weinberg? Eu tenho uma responsabilidade maior do que vocês podem sequer imaginar. Lamuriam-se pelo Santiago e maldizem os fuzileiros. Podem dar-se a esse luxo. Podem dar-se ao luxo de não saber o que eu sei: Que a morte de Santiago, apesar de trágica, provavelmente salvou vidas. E que a minha existência, apesar de grotesca e incompreensível para vocês, salva vidas.
(pausa)
Você não quer a verdade. Porque lá no fundo, nos lugares de que não se fala nas festas, você quer-me nesse muro. Precisa de mim lá.
(gabando-se)
Nós usamos palavras como honra, código, lealdade… usamos essas palavras como a espinha dorsal de uma vida passada na defesa de algo. Vocês usam-nas como piadas.
(pausa)
Não tenho nem o tempo nem a inclinação para me justificar perante um homem que acorda e adormece debaixo da coberta da liberdade que eu lhe proporciono. Preferia que se limitasse a dizer obrigado e seguisse caminho. Caso contrário, sugiro que arranje uma arma e venha armar sentinela. De qualquer forma, estou-me a lixar para o que considera ser seu direito.
KAFFEE
(em voz baixa)
Ordenou o código vermelho?
JESSEP
(pausa)
Fiz o serviço que vocês me mandaram fazer.
KAFFEE
Ordenou o código vermelho?
JESSEP
(pausa)
Pode ter a certeza que sim.
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Diálogo retirado do guião de A Few Good Men – Uma Questão de Honra, escrito por Aaron Sorkin a partir da sua peça de teatro.
No filme, o advogado militar, Tenente Kaffee, foi interpretado por Tom Cruise e o Coronel Jessep por Jack Nicholson. O seu monólogo final de admissão de culpa, onde mistura orgulho, desprezo e impaciência, é um grande momento de teatro brilhantemente transposto para o cinema.
A tradução é minha.
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