Recebo muitas questões de leitores sobre os formatos corretos para escrever um guião (ou roteiro, como se diz no Brasil). A maior parte dos problemas de formato são resolvidos usando um programa próprio de escrita de guião, o que eu recomendo.
De qualquer forma deixo aqui um infografismo (o primeiro do site) com uma versão simplificada desses formatos, adaptada para as páginas A4. Quem usar estas medidas já não faz figura de amador.
Todos os textos do guião devem escritos na fonte Courier tamanho 12. Não caia na tentação de usar fontes especiais ou, pior ainda, misturar várias fontes, pois isso só vai marcá-lo como amador.
Aproveito ainda para explicar muito sucintamente os principais elementos de um guião (cabeçalhos, descrições, etc), e a forma adequada de apresentar uma folha de rosto.
Agora é só ter uma ideia e começar a escrever.
(Clique aqui ou na imagem para ver uma versão ampliada)
Nota: este infografismo pode ser reproduzido para fins educacionais (não comerciais) sem necessidade de autorização prévia, desde que sejam mantidas as indicações de autoria.
Bem, eu tenho umas “coisas” escritas para uma novela, mas depois de ver este exemplo são mesmo amadoras.
Existe um programa que ajude com isto, ou o WORD é, por exemplo, uma ferramenta que se pode usar?
Sugiro que leia este artigo recente para saber a minha opinião do Word e conhecer as alternativas.
Excelente! Deu para perceber logo os aspectos mais relevantes num guião.
Uma pequena dúvida, se a folha de rosto não se contabiliza, o correto seria iniciar o roteiro com a paginação 1 ?
Correção: por favor considere a minha pergunta sobre paginação, nula. No afoito não percebi que esta corretíssimo a numeração das páginas.
;)
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Prezado João Nunes, estou gostando de participar do "Frenesi", mas estou com um certo problema. A história que eu queria contar eu consegui contar bem antes de 100 páginas. Na verdade estou inventando algumas cenas que é para ver se chego perto de 100. Por que isso acontece? Como posso solucionar isso? Se eu não atingir as 100 páginas não pretendo enviar o guião.
Olá Richardson,
Se o seu guião está a ficar curto, isso pode ser consequência de ter escolhido uma estória inadequada, que não tenha consistência suficiente para dar um filme. Mas agora é tarde para mudar isso. O que fazer então?
Em primeiro lugar, pense em termos de sequências e não de cenas individuais. Se começar a escrever cenas apenas para “encher” isso vai-se notar. É recurso de novela. No cinema o objetivo deve ser sempre emagrecer o guião o mais possível.
É mais inteligente criar e encaixar toda uma nova sequência, com princípio, meio e fim. Considere qual o objetivo final do seu protagonista e veja que nova etapa pode ser encaixada no seu percurso. Essa etapa deve ter uma razão de ser, inclui os seus obstáculos e dificuldades próprios, e conduzir naturalmente a uma etapa seguinte.
Outra possibilidade é desenvolver e incluir uma trama secundária. A maior parte dos guiões têm a trama principal e em paralelo uma trama secundária, muitas vezes amorosa. Se já têm etas duas veja se haverá alguma outra que possa desenvolver. Deverá sempre ter uma relação com a principal, e idealmente oferecer um contraponto ou complemento temático.
Por exemplo, em “Anna Karenina”, que assisti há pouco, há a trama principal, do amor louco entre a protagonista e um jovem oficial, com todas as suas consequências no seu casamento e aceitação social. E há outras três tramas secundárias, que oferecem diferentes perspectivas sobre o mesmo tema do amor: a do irmão de Anna, que não consegue manter-se fiel à mulher, que acaba por aceitar; um amigo do irmão, que se mantém fiel e dedicado a uma paixão distante, até conseguir conquistá-la; e o irmão anarquista deste último, que ama e é amado por uma mulher excluída da sociedade.
Uma última possibilidade é desenvolver uma outra estória completamente diferente e entrelaçá-la com a sua estória original, à la “Pulp Fiction” ou “Babel”. O “Pulp Fiction”, por exemplo, é uma combinação de três ou quatro estórias diferentes, cada uma delas curta demais para dar um filme, que partilham entre si alguns personagens. Já em “Babel” a ligação entre as estórias é apenas temática: a solidão.
Talvez nenhuma destas soluções seja ideal, mas quem sabe possam até servir para dar novo alento à sua estória.
Gostaria de questionar um ponto da imagem. Junto aos personagens estão os segundos (ex: 20's).
Quero saber se esta indicação é corrente. Ou seja, eu posso descrever um local e decidir que a personagem só entra "em cena" 30 segundos depois?
Obrigado.
António, acho que entendeu mal a imagem. O número entre parênteses ao lado do nome dos personagens não se refere a segundos, mas é uma indicação da sua idade aproximada. Por exemplo (50’s) quer dizer (cinquentas) – ou seja, tem mais ou menos cinquenta anos. É uma forma convencional de apresentar a idade nos guiões, mas percebo que possa ser mal interpretada.
Desculpe a confusão.
Quanto à sua questão: não podemos dar indicações tão precisas. O ritmo da entrada de um personagem, em última instância, será decidido pelo realizador, ator, montador, etc. Quando muito podemos dizer algo como:
A sala está vazia. É um espaço amplo e de aspecto misterioso. Ao fim de um longo momento, Francisco entra, olhando em redor.
Sim, faz todo o sentido. Realmente, fiz confusão. Obrigado.
Boa tarde João,
Tenho só uma questão rápida, para o concurso, falou em 100 páginas, mas presumo que seja um valor de referência, entre 90 a 120 por ser uma longa metragem, certo? Ou seja, se acabar entre 105/110 haverá problema? É que eu planeei para 100, mas depois acrescentei mais uma ou duas cenas necessárias e a coisa cresceu um bocado acima do que esperava, penso que seja o preço da 1ª vez :)
Cpts.
No ScriptFrenzy 100 páginas era o mínimo. Podia ser acima disso, obviamente, mas nunca abaixo.
No FenesiDeEscrita somos mais generosos: um guião com 90 páginas ou mais já será aceite, porque isso são números aceitáveis na realidade do cinema.
De qualquer forma, há truques para reduzir um pouco a dimensão dos guiões, sem fazer batota com a formatação.
Por exemplo, eliminando a maior parte das Transições (CORTA PARA:, FUNDE PARA:, etc.) consegue-se por vezes poupar uma ou duas páginas.
Mas a forma mais eficaz é procurar todos os parágrafos de Ação em que a última linha tem só uma ou duas palavras. Se reescrevermos esses parágrafos de forma a eliminar algumas palavras poupamos uma linha em cada um. Essa poupança é cumulativa, porque por vezes faz com que parágrafos inteiros mudem de página. Dessa forma conseguem-se poupanças significativas.
O que nunca devemos fazer é mexer nas regras de formato: diminuir o corpo de letra (tem de ser um Courier 12) e margens dos elementos. Isso é “batota”.
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É necessário escrever “CORTA PARA” toda vez que acaba uma cena e vai para outra, ou só um novo cabeçalho?
Antigamente era costume fazer isso, e daí encontrarmos essa solução em muitos guiões disponíveis na net. Hoje em dia a tendência é não escrever as transições, a não ser que se queira alcançar algum efeito muito particular. Como o “CORTA PARA” é a transição por defeito, a prática atual é não o escrever.
Olá Nuno :)
O que aconselha fazer quando a primeira cena do guião é uma prolepse?
Devemos informar no cabeçalho?
A ideia é guiar depois a história para onde ela começou.
Obrigada e boa continuação!
Vamos deixar o Nuno responder.
João Nunes, bem bacana o seu desprendimento, tem como vc mandar link de uma obra cinematográfica sua? certeza de coisa boa meu amigo
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